O brasileiro está vivendo cada vez mais, segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas). A sobrevida de um sexagenário atualmente é de 22 anos, ou seja, após completar 60 anos, ele ainda irá desfrutar de muitas histórias até a idade de 82.
E, para que esse tempo seja aproveitado da melhor maneira possível, é fundamental conhecer os cuidados essenciais na terceira idade, uma vez que os órgãos já não trabalham da mesma forma, os movimentos estão mais restritos e algumas funções do organismo podem estar um pouco comprometidas com o passar dos anos.
Por isso, preparamos uma lista com medidas simples, mas fundamentais para que nossas vovós e vovôs continuem nos presenteando com seu sorriso e carinho únicos, por longa data.
Alimentação – os nutrientes necessários
Com o envelhecimento, algumas mudanças significativas acometem as pessoas e estão diretamente relacionadas às questões alimentares. O olfato e o paladar vão perdendo força, a percepção do sabor já não é a mesma – o que pode causar inapetência -, a falta dos dentes, inflamações nas gengivas e dificuldades para mastigar reduzem a produção de saliva que, por sua vez, induz o estômago a produzir menos ácidos, tornando o processo digestivo mais lento, podendo causar constipação.
Enfim, existe uma série de fatores a serem considerados para que a absorção de nutrientes essenciais não seja prejudicada. Dessa forma, o cardápio para a terceira idade precisa ser levado em conta, de maneira a promover energia, estimular a produção de anticorpos, fortalecer o sistema imunológico e proteger os ossos.
Uma dieta saudável e balanceada para os idosos deve conter os seguintes nutrientes:
Cálcio
De suma importância para ajudar a prevenir a osteoporose – uma doença muito comum na velhice -, o cálcio é um mineral encontrado em alimentos como o leite, o queijo e seus derivados, mas também no amendoim, na amêndoa, na aveia, no grão-de-bico, nos brócolis, no espinafre e na couve.
Ele responsável pela formação, manutenção e fortalecimento dos ossos e dentes, além de participar do ciclo dos batimentos cardíacos e na transmissão dos impulsos nervosos.
A falta de cálcio no organismo pode provocar pequenas complicações como câimbras, cáries, espasmos musculares até problemas mais graves como hipertensão, raquitismo, fraturas.
| A quantidade recomendada para idosos é de 1.200 miligramas por dia. |
O que é a osteoporose?
A osteoporose é uma doença típica do envelhecimento, uma vez que está relacionada com a perda de massa óssea.
Nosso esqueleto é constantemente renovado, porém, a partir de determinada idade, a capacidade do organismo de regenerar os ossos perde força, deixando a estrutura porosa e suscetível a fraturas.
As principais causas do problema são a deficiência de cálcio e a baixa exposição solar, ocasionando a falta de vitamina D.
Geralmente, a osteoporose é diagnosticada quando o paciente relata a ocorrência de uma fratura espontaneamente ou por um esforço mínimo.
Ferro
O ferro é um mineral essencial para a nossa saúde, uma vez que participa diretamente no transporte do oxigênio por todo o corpo. Adicionalmente, ele contribui para a manutenção do sistema imunológico e é fundamental para o funcionamento do sistema cardiovascular.
O ferro é encontrado na carne vermelha, em vegetais verde-escuros como o espinafre, a couve e o agrião, em cereais integrais como aveia e nas leguminosas como feijão e a lentilha.
A principal complicação em razão da falta de ferro no organismo é a anemia. Devido à oxigenação insuficiente dos tecidos, a pessoa fica sonolenta, tem dificuldades de concentração e sofre com infecções frequentes.
| A quantidade recomendada para pessoas acima de 50 anos é de 8 miligramas por dia. |
O que é a anemia?
A anemia (também conhecida como anemia ferropriva) é caracterizada quando a quantidade de hemoglobina presente no sangue está abaixo do normal. Hemoglobina são estruturas presentes nos glóbulos vermelhos (ou hemácias), responsáveis pelo transporte do oxigênio em nosso organismo.
Em cerca de 90% dos casos, a causa mais comum de anemia é a deficiência de ferro e os sintomas são:
- cansaço,
- inapetência,
- mãos e pés frios,
- palidez,
- tontura,
- dor de cabeça,
- falta de ar.
Zinco
O zinco é um mineral que atua principalmente em nosso sistema imunológico, combatendo a presença de radicais livres em nosso organismo, evitando doenças.
O zinco ainda participa de variados processos, conjuntamente com outras centenas de enzimas, que possibilitam o bom funcionamento de nosso corpo.
O consumo adequado do nutriente ajuda a prevenir uma série de distúrbios, entre eles a má cicatrização da pele, dermatites, disfunções imunológicas, problemas relacionados à memória e ao aprendizado.
O zinco é encontrado nas ostras e nos mariscos, no fígado, em ovos, nas nozes e castanha e em leguminosas, tais como o feijão, a ervilha e o grão-de-bico.
| A quantidade diária recomendada é de 11 miligramas para os homens e 8 miligramas para as mulheres. |
Vitamina C
Também conhecida como ácido ascórbico, a vitamina C é essencial para diversos processos em nosso organismo, como a síntese do colágeno e da noradrenalina, para a absorção do ferro, além de ser um poderoso antioxidante.
A vitamina C auxilia na produção de glóbulos brancos (leucócitos) – as células de defesa do organismo -, razão pela qual ela é especialmente importante para nosso sistema imunológico.
A deficiência de vitamina C pode acarretar lentidão na cicatrização de ferimentos, queda de cabelo, unhas enfraquecidas, fadiga e baixa imunidade.
Alimentos ricos em vitamina C são frutas, tais como a acerola, a goiaba, o caju e vegetais como os brócolis, a batata, o tomate, o pimentão. O goji berry, frutinha de origem asiática, é considerada uma das maiores fontes de vitamina C existentes.
| A quantidade recomendada para idosos é de 120 miligramas por dia. |
Vitamina D
O papel da vitamina D em nosso corpo é auxiliar na absorção do cálcio e do fósforo, fortalecendo a estrutura óssea.
A falta da vitamina D impacta diretamente nosso esqueleto, portanto, os sintomas são:
- baixa imunidade,
- fraqueza,
- dores musculares,
- alterações no humor e até osteoporose.
Ainda que possa ser encontrada em alguns poucos alimentos, a principal fonte de obtenção do nutriente é através da exposição solar, sem protetor. Cerca de 20 minutos diários bastam para que se atinjam os níveis recomendados pela OMS (Organização Mundial de Saúde) que equivalem de 600 a 800 UI (Unidade Internacional), no caso de uma ingestão alimentar de vitamina D, sob a forma de suplementos.
Vitamina B12
A Vitamina B12 participa de uma série de processos em nosso organismo, principalmente relacionados ao sistema cardiovascular, atuando na formação dos glóbulos vermelhos (hemácias) e ao sistema nervoso, protegendo os neurônios.
Para os idosos em particular, a Vitamina B12 ajuda a prevenir contra a depressão, além de evitar a fadiga relacionada à baixa oxigenação.
A carência de vitamina B12 pode ocasionar cansaço, formigamento nas mãos e nos pés, inapetência, predisposição à tristeza e depressão.
A vitamina B12 só é encontrada em alimentos de origem animal, tais como fígado, salmão, truta, atum, leite e ovos.
| A quantidade recomendada para idosos é de 30 microgramas por dia. |
Vacinação para idosos acima de 60 anos
“Prevenir é melhor que remediar”, já dizia o velho ditado. Assim como é extremamente importante cuidar dos nossos pequenos, mantendo sempre em dia o cronograma de vacinação infantil, os idosos também fazem parte do Programa do Ministério da Saúde e são beneficiados com imunizações específicas.
São disponibilizadas gratuitamente nos postos do SUS (Sistema Único de Saúde) as seguintes vacinas para pessoas com 60 anos ou mais:
1) Vacina contra ahepatite B
Caso o idoso não tenha sido vacinado na infância, não se lembre ou não possua histórico anterior, a administração será da seguinte forma: 3 doses, sendo a segunda dose 30 dias após a primeira, e a terceira dose 6 meses após a primeira aplicação.
O que é a hepatite B?
É uma doença causada pelo vírus VHB, que provoca inflamação no fígado. Os sintomas mais característicos são a urina escura e as fezes claras, além de fadiga, icterícia, febre e náuseas. É transmitida via oral (saliva), por transfusão de sangue, lesões na pele ou através de relações sexuais.
2) Vacina contra a febre amarela
É necessária uma única dose para garantir a imunização. Entretanto, a depender da situação do idoso, será preciso avaliação médica prévia para determinar os riscos decorrentes na vacinação nesta faixa etária e condições de saúde associadas.
O que é a febre amarela?
É uma doença causada por um arbovírus – um vírus essencialmente transmitido por mosquitos (artrópodes) -, podendo ser urbana ou silvestre. A febre amarela urbana é transmitida pelo Aedes aegypti, enquanto a silvestre é propagada pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes. Os sintomas são semelhantes nos 2 casos, como icterícia, febre, dor de cabeça, fortes dores musculares e fadiga.
3) Vacina dupla adulto dt
A vacina previne contra a difteria e o tétano e a administração deve ser da seguinte forma: 3 doses, sendo a segunda dose 2 meses após a primeira, e a terceira dose de 4 a 8 meses após a primeira aplicação para quem desconhece o histórico de imunização. O idoso que possui o cartão de vacinação em dia deve tomar um reforço a cada 10 anos.
O que é a difteria?
É uma doença causada pela bactéria com Corynebacterium diphtheriae, que provoca inflamações no nariz, na laringe, na faringe e nas amígdalas. Tem como sintomas característicos o aparecimento de placas nas amígdalas, além de dor de garganta, coriza e febre. A propagação da bactéria se dá através da respiração, da tosse, espirros ou contato com lesões na pele da pessoa infectada.
O que é o tétano?
É uma doença causada pela bactéria Clostridium tetani, encontrada livremente na natureza, no solo, em objetos enferrujados ou em fezes de animais. A pessoa é infectada quando o agente invasor penetra no organismo, através de ferimentos na pele e espalham um veneno chamado tetanospamina na corrente sanguínea, provocando fortes espasmos musculares, dores nas costas, dificuldade para abrir a boca e engolir.
4) Vacina influenza
É administrada anualmente, durante a campanha nacional de vacinação promovida pelo Ministério da Saúde e previne contra a gripe.
O que é a gripe?
É uma doença causada pelo vírus Influenza, que provoca a inflamação das vias respiratórias. Os sintomas são febre alta, dores na garganta, ao longo do corpo, fraqueza, inapetência, além de tosse seca e coriza. É extremamente contagiosa, sendo transmitida através da saliva, ao espirrar ou tossir.
Vacina contra o herpes zoster
Disponível apenas em clínicas privadas, outra vacina amplamente recomendada para a terceira idade é a vacina contra o herpes zoster, mesmo para quem já teve a doença. É necessária apenas 1 dose.
O que é o herpes zoster?
O herpes zoster, popularmente conhecido como cobreiro, é uma doença provocada pelo “varicela zoster”, o mesmo causador da catapora. É ocasionada uma reativação do vírus em pacientes que já tiveram varicela anteriormente, em razão de baixa imunidade ou de outras doenças que afetam o sistema imunológico.
O distúrbio começa com dor, formigamento e coceira de um dos lados do corpo, que evolui para uma certa quantidade de pequenas bolhas cheias de líquido, formando uma faixa, geralmente na região do tronco, provocando nevralgia intensa.
Exercícios físicos
Já sabemos que a atividade física é indispensável para manter nosso organismo saudável, em todas as etapas de nossa vida. Contudo, é importante alguns cuidados ao se exercitar na terceira idade, uma vez que o corpo possui determinadas limitações. O primeiro passo é buscar a orientação e avaliação médica para estabelecer objetivos tangíveis.
De maneira geral, caminhadas e alongamentos leves não possuem contraindicações, auxiliando nos processos circulatórios, na produção de endorfina, na resistência dos músculos, indiretamente atuando na sensação de bem-estar e segurança do idoso.
Exercícios na água como a hidroginástica estimulam a coordenação motora, o relaxamento e o equilíbrio, preservando as articulações. Pilates e Ioga são benéficos para os idosos que buscam o realinhamento postural, alívio de tensões e consciência e reeducação da respiração.
Conclusão
Em suma, existem diversas alternativas para aplicarmos como medidas preventivas e cuidados essenciais na terceira idade para evitarmos potenciais doenças e acrescentar mais qualidade à vida dos idosos.
